O Papel da Medicina Intensiva no Brasil: Reflexões e Desafios do Dia do Intensivista

No dia 28 de outubro, comemoramos o Dia do Intensivista, data dedicada a homenagear os profissionais da medicina intensiva, que desempenham um papel essencial no atendimento de pacientes em estado crítico. Este ano, no Plenário da Câmara dos Deputados, a Dra. Patrícia Mello, presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), fez um discurso inspirador que destacou tanto a importância quanto os desafios enfrentados pelos intensivistas em nosso país. Vamos explorar alguns dos principais pontos abordados por ela e entender como a medicina intensiva pode melhorar o sistema de saúde brasileiro.

A Importância da Medicina Intensiva

A medicina intensiva é uma especialidade que surgiu entre as décadas de 1940 e 1960, com o desenvolvimento de novas tecnologias e técnicas, como a hemodiálise, os ventiladores artificiais e os desfibriladores. Com esses avanços, tornou-se possível salvar pacientes em condições antes consideradas fatais, o que abriu caminho para tratamentos intensivos e, mais tarde, para as modernas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). No Brasil, a prática começou a se consolidar nos anos 60, embora tenha demorado mais para alcançar sua profissionalização completa e o reconhecimento como especialidade médica, o que só ocorreu em 2002.

Dra. Patrícia destaca que o intensivista é o médico responsável pelo cuidado integral de pacientes críticos, recebendo casos de todas as especialidades médicas e oferecendo suporte avançado a pacientes com falência de múltiplos órgãos. Esse profissional precisa ter um conhecimento profundo e atuar rapidamente em situações de risco, tomando decisões que muitas vezes são cruciais para a sobrevivência do paciente.

Desafios das UTIs no Brasil

Apesar de sua importância, a medicina intensiva ainda enfrenta muitos desafios no Brasil. Dra. Patrícia ressalta que, historicamente, a especialidade permaneceu “invisível” para muitos setores da sociedade e até mesmo para gestores públicos. Um dos maiores problemas é a falta de equidade no acesso às UTIs. Em regiões mais afastadas dos grandes centros urbanos, como o Norte e Nordeste, a oferta de UTIs e de profissionais especializados é significativamente menor, o que impede que muitos brasileiros tenham acesso ao atendimento intensivo de qualidade.

Outro ponto levantado foi a falta de profissionais capacitados em diversas regiões, o que impacta diretamente a qualidade do atendimento. A escassez de intensivistas dificulta a ampliação de leitos e a criação de uma infraestrutura de cuidados intensivos em áreas vulneráveis, o que gera desigualdade no sistema de saúde e limita o acesso de muitos pacientes aos cuidados necessários.

Lições da Pandemia

A pandemia de COVID-19 trouxe visibilidade à importância da medicina intensiva e revelou os desafios das UTIs de forma incontestável. Durante esse período, ficou claro que um leito de UTI não é apenas uma cama cercada de equipamentos. O atendimento de alta qualidade depende de uma equipe multidisciplinar capacitada e experiente. Como Dra. Patrícia ressaltou, equipamentos não salvam vidas sozinhos; o verdadeiro valor de uma UTI está na competência e dedicação dos profissionais de saúde que trabalham nela.

Durante a pandemia, a demanda por leitos e respiradores aumentou drasticamente. No entanto, muitos pacientes passaram a temer o uso desses equipamentos, principalmente após relatos de insucesso em UTIs improvisadas. Esse cenário foi um alerta importante: a improvisação em ambientes complexos como UTIs não gera bons resultados. O improviso, nesses casos, é sinônimo de riscos e falhas, que podem colocar em risco a vida dos pacientes.

Propostas para Melhorar a Medicina Intensiva no Brasil

Dra. Patrícia Melo apresentou algumas sugestões para fortalecer a medicina intensiva no Brasil e garantir um atendimento de qualidade a todos os cidadãos:

  • Gestão Profissional e Vigilância: Para evitar práticas inadequadas e garantir que as UTIs funcionem com responsabilidade, é necessária uma gestão qualificada. Dra. Patrícia propõe uma vigilância constante e o cumprimento rigoroso de normas e regulamentos para manter a qualidade do atendimento.

  • Equidade no Acesso às UTIs: Para que todos os brasileiros tenham acesso a um cuidado intensivo de excelência, é necessário resolver a má distribuição de leitos e profissionais qualificados. Investir em novas UTIs nas regiões menos atendidas pode gerar um sistema mais justo e acessível.

  • Incentivo à Pesquisa e Inovação: A medicina intensiva brasileira, apesar das dificuldades, já possui reconhecimento internacional. Investir em pesquisa e tecnologia pode levar a novos avanços e soluções para melhorar os resultados clínicos e reduzir a mortalidade.

  • Educação e Capacitação Contínua: Dra. Patrícia defende a necessidade de educação continuada, especialmente para profissionais que atuam longe dos grandes centros. A formação contínua dos plantonistas e a capacitação de novos intensivistas são essenciais para garantir um atendimento padronizado e de qualidade em todas as regiões do Brasil.

  • Valorização e Visibilidade: A medicina intensiva é uma especialidade difícil, que exige muito dos profissionais. Esses especialistas precisam ser valorizados e incentivados, não apenas em tempos de crise, mas diariamente, para que possam continuar oferecendo um cuidado de qualidade e inspirando as próximas gerações a seguirem essa vocação.

Um Apelo aos Representantes Públicos

Dra. Patrícia Melo encerrou seu discurso com um apelo aos representantes públicos para que apoiem as melhorias necessárias nas UTIs. Ela ressalta que é essencial garantir a qualidade e segurança do atendimento intensivo, assegurando que, quando faltar a saúde a qualquer brasileiro, ele receba o cuidado competente e digno que merece. A homenagem e a oportunidade de serem ouvidos são passos importantes para que os profissionais de saúde intensiva alcancem a visibilidade necessária e para que as UTIs recebam o suporte indispensável.

A Transformação das UTIs no Brasil: Como o Projeto "UTIs Brasileiras" Está Salvando Vidas

A mensagem da Dra. Patrícia Melo no Dia do Intensivista serve como um importante lembrete da importância da medicina intensiva e dos desafios que ainda precisam ser enfrentados. Com o apoio de políticas públicas adequadas, investimentos em capacitação e uma gestão profissional, o Brasil pode avançar para um sistema de saúde mais justo, onde todos tenham acesso ao atendimento intensivo de qualidade.

Se você deseja entender mais profundamente o impacto da medicina intensiva e as necessidades das UTIs no Brasil, assista ao vídeo completo com o discurso da Dra. Patrícia Melo na Câmara dos Deputados. É uma oportunidade de ver, diretamente dos especialistas, como podemos transformar o cuidado intensivo em nosso país.

Assista ao vídeo e saiba mais!

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