Eventos inesperados percebidos como uma ameaça à vida ou à integridade física têm grande potencial traumático. Acidentes, queimaduras, quase afogamentos, intoxicação e ferimentos graves são causas frequentes de internação nas Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica e podem deixar sequelas psicológicas não apenas na criança que passou por tal situação, mas em todos os membros da família.
Logo após o evento é comum a manifestação de reações emocionais intensas, como irritabilidade, ansiedade, tristeza e estado de alerta constante. Os efeitos do trauma na infância variam bastante e incluem aumento no risco de abuso de álcool e outras substâncias na vida adulta, obesidade severa, depressão, tentativas de suicídio, problemas de saúde e comportamento de risco.
Problemas de saúde mental decorrentes de situação traumática, quando não tratados, podem constituir em barreira significativa para o desenvolvimento da criança.
Não hesite em solicitar a avaliação de um psicólogo caso uma criança com as características acima descritas esteja internada na UTI em que você trabalha.
E mais importante. Nunca se esqueça que a melhor forma de evitar acidentes é a prevenção.
Esteja atento e identifique os ambientes do lar que oferecem mais risco.
Risco de queimadura:
- Na cozinha, use as bocas de trás do fogão e certifique-se de que os cabos das panelas estejam virados para dentro, para não serem alcançados pelas crianças.
- Evite cuidar, ficar perto ou carregar as crianças no colo enquanto mexe em panelas no fogão ou manipula líquidos quentes.
- Guarde fósforos, isqueiros, velas e outros produtos inflamáveis em locais altos e trancados, longe do alcance das crianças;
- Utilize tampas apropriadas para proteger as tomadas.
Risco de intoxicação
- Guarde todos os produtos de higiene e limpeza, venenos e medicamentos trancados em lugar alto e fora do alcance das crianças.
- Nunca se refira a um medicamento como “doce”. Isso pode levar a criança a pensar que o remédio não é perigoso ou que é agradável de comer.
Risco de afogamento
- Nunca deixe crianças sozinhas quando estiverem dentro ou próximas da água, nem por um segundo. Nessas situações, garanta que um adulto estará as supervisionando de forma ativa e constante o tempo todo;
- Ensine as crianças a não correr, empurrar, pular em outras crianças ou simular que estão se afogando quando estiverem na piscina, lago, rio ou mar.
- A tampa do vaso sanitário deve ser mantida fechada e travada.
Mais informações sobre prevenção de acidentes domésticos com crianças em:
Fernanda Saboya Rodrigues Almendra
Presidente do Departamento de Psicologia AMIB 2022-2023